sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Janela da Alma

O documentário “Janela da Alma”, mostra diferentes caminhos percorridos pelos entrevistados, como cada pessoa enxerga de uma maneira e no que cada um acredita. O início do filme é um pouco fora de foco e ao longo vai ficando mais nítido, fazendo parte da estética do filme, como se fosse também a visão humana. E ao passar de uma imagem para outra, escurecia, como se fosse uma pausa.
O filme é repleto de abordagens e declarações que nos mostram como os outros sentidos são muito importantes para as pessoas que sofrem de algum tipo de deficiência visual. Começa com o relato de Hermeto Pascoal, um músico, que conta de uma maneira bastante leve e engraçada como é sua vida, e como é conviver com sua dificuldade em enxergar. Conta que enxerga mais com sua visão interior e que nunca se sentiu inferior apesar de não ter uma visão perfeita.
Muitas afirmações que nos revelam a importância da visão e porque os olhos são considerados a janela da alma. Falas como as de Antonio Cícero, que acentua a idéia de os olhos serem considerados a janela da alma, Oliver Sack, neurologista que fala sobre como algumas pessoas que possuem problemas na atividade visual encaram a vida, e Manoel de barros que acredita que “A imaginação transfigura o mundo”.
Marieta Severo fala sobre como é importante para ela enxergar o outro na hora de contracenar. José Saramago acredita que a visão limitada do homem o faz ser como é. Também fala um pouco como surgiu à idéia de escrever seu livro “Ensaio sobre a cegueira”.
Muitas outras entrevistas marcantes fazem com que o filme use o tema “visão” apenas como propulsor para diversas compreensões de mundo. Como a de João Ubaldo, que nunca se incomodou com o fato de usar óculos. Eugen Baucar, que consegue fotografar mesmo não vendo o que enquadra.
O Depoimento de Arnaldo Godoy foi bastante rico, ele perdeu a visão aos 17 anos, não foi tratado diferente pela família porque era cego, constituiu família e conseguiu cuidar das suas filhas quando elas eram pequenas.
O cineasta Wim Wenders acredita que a visão é seletiva. Apesar de enxergar bem sem óculos prefere usá-lo por causa do enquadramento, sem óculos ele acredita que enxerga demais. Ele questiona o significado das coisas e afirma que “Ter tudo em excesso, significa que nada temos”.
Assim, o resultado final do filme de João Jardim e Walter Carvalho é também poético e lírico, eles problematizam o tema “visão” e nos fazem pensar no social, filosófico, cientifico e até mesmo artístico. E a grande proposta é que possamos ver sem a visão, mas por meio de outras coisas, principalmente da alma.

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